As interações e brincadeiras no ambiente da Educação Infantil
O ambiente da Educação Infantil é repleto de materiais e espaços que propiciam a construção de aprendizagens e o desenvolvimento de propostas com as crianças.
Para que seja possível organizarmos um ambiente de aprendizagens, é necessário primeiramente ter intencionalidade educativa na organização dos materiais nos espaços que as crianças estarão inseridas.
Estes espaços devem possibilitar experiencias e oportunidades de aprendizagem, sendo ambiente fluídos, ou seja, que os materiais possam ser mudados de lugar e organizados pelas crianças que o estiverem explorando.
Os espaços de atividade diversificada compõem as interações e brincadeiras que acontecem dentro do ambiente maior da escola. Cada espaço pode propiciar experiências diferentes e que possibilitem a criança a expressar-se, conhecer, participar, brincar, explorar e conviver.
Os momentos de interações e brincadeiras nestes espaços, possibilitam ao professor observar as crianças, compreendendo suas preferências e seus sentimentos, pois é na brincadeira que as crianças externam suas necessidades e conhecimentos.
Para isso, os espaços devem ser pensados e refletidos desde o planejamento do professor. Quais espaços serão utilizados, quais materiais estarão a disposição das crianças e o tempo em que realizarão a exploração destes.
Falaremos inicialmente sobre os materiais dispostos nestes espaços de atividade diversificada, ou espaços de brincar.
Como já dizia Lóris Malaguzzi "Como você pode ver, o mundo é um esboço contínuo sempre novo, de maneira ousada e admirável".
Assim, pensaremos desta forma os espaços, como esboços contínuos e que podem ser modificados sempre de uma maneira nova. Os materiais disponíveis nos espaços de brincar, devem possibilitar à criança a expressão de sua criatividade e para isso, são indicados os materiais não estruturados, como tecidos, madeiras, tubos, tampas, caixas de papelão, madeira ou plástico, cones, carretéis e outros materiais que possibilitem a criação.
Os espaços externos (pátio) também podem ter materiais não estruturados para que as crianças possam criar suas brincadeiras, como carretéis, caixotes, tubos, cordas, pneus e outros.
Os materiais se transformam nas mãos das crianças e cada dia recebem um significado. Nem sempre os objetivos que temos para os materiais são aqueles que as crianças executam, por vezes nos surpreendendo com outras significações.
Nestes momentos de brincar, o professor tem a oportunidade de observar atentamente as crianças sem realizar muitas intervenções, podendo refletir sobre suas práticas e pensar em intervenções futuras. Isto não quer dizer que o professor deva sentar-se e ficar somente observando, mas que ela auxilie nas brincadeiras quando convidado pelas crianças, sem precisar ficar fazendo intervenções como: "não se brinca assim".
O educador deve estar sempre atento às ações das crianças, pois elas precisam ser alertadas sim, quanto aos perigos de determinadas ações, mas de forma pacífica e tranquila como por exemplo "Esta caixa pode quebrar e você se machucar se subir em cima", o que é totalmente diferente de dizer "Não suba nesta caixa!".
As crianças necessitam saber o porquê das coisas, pois elas estão no processo de construção de suas aprendizagens e receber apenas um "não", não lhes faz sentido.
Para que o processo seja prazeroso ao professor e para que ele compreenda os modos de brincar das crianças, ele precisa se entregar as experiências, interagindo e brincando, tocando sua criança interior. Sujar-se, lambuzar-se e experimentar diversas sensações não é só para as crianças, mas também para quem está propiciando essas experiencias.
Alguns exemplos dessas práticas podem ser conferidos no documentário "Caramba carambola o brincar tá na escola" que trata da experiencia de escolas públicas da cidade de São Paulo a partir do projeto "Brincar".
No próximo post, abordarei algumas reflexões sobre o livro "Crianças, espaços e relações - como projetar ambientes para a educação infantil" de Giulio Ceppi e Michele Zeni.
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