Interações e brincadeiras

A Educação Infantil é considerada por muitos a etapa mais importante da Educação Básica, o que de fato é uma realidade, pois é nela que as crianças estão desenvolvendo sua identidade, autonomia e sua concepção de sociedade.

Muitos professores questionam-se como desenvolver um trabalho pedagógico de excelência nesta etapa. Pensando nisso, cabe a reflexão sobre o que as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil estabelecem.

Segundo a Resolução n° 5, de 17 de dezembro de 2009,  é dever do Estado garantir a oferta da Educação Infantil e direito de todas as crianças ao nascerem. 

As propostas pedagógicas na Educação Infantil devem ser baseadas em princípios éticos, estéticos e políticos, que devem ter como objetivo garantir à criança o acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens.

Essas propostas devem ter como eixos norteadores as interações e brincadeiras, ou seja, as crianças da Educação Infantil, constroem suas aprendizagens de maneira lúdica a partir das interações e brincadeiras.

Segundo a base nacional comum curricular (BNCC), a Educação Infantil possui cinco campos de experiências, sendo eles: 

  • O eu, o outro e nós;
  • Corpo, gestos e movimentos;
  • Traços, sons, cores e formas;
  • Escuta, fala, pensamento e imaginação;
  • Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

Assim, os campos de experiências devem ser experienciados pelas crianças no seu dia-a-dia por meio das brincadeiras e interações, lembrando que a rotina da educação infantil também é currículo e cada momento deve ser pensado como ação pedagógica, pois exige intencionalidade educativa.

Ainda segundo a BNCC, são considerados direitos de aprendizagens da crianças: brincar, conviver, explorar, expressar e conhecer-se. Segue recorte da BNCC que explica cada um desses direitos.

DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

  • Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.
  • Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.
  • Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.
  • Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
  • Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
  • Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.
A concepção da criança como ser autônomo e agente ativo do seu processo de construção de conhecimentos, passa pela reflexão de uma criança como ser que tem vontades, desejos e opiniões sobre o mundo que a cerca e que possui a capacidade de apropriar-se do conhecimento sistematizado além de construir seu próprio conhecimento.  É necessário assim, que se imprima intencionalidade educativa em todas as etapas da Educação Infantil.

Cabe ao professor, propiciar experiências intencionais permitindo que as crianças na interação com os outros e com o meio em que vive, possa desenvolver-se integralmente, nos cuidados pessoais, nas brincadeiras e experimentações com o mundo natural, físico e cultural.

Segundo a BNCC é papel do professor:

"Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças.

Ainda, é preciso acompanhar tanto essas práticas quanto as aprendizagens das crianças, realizando a observação da trajetória de cada criança e de todo o grupo – suas conquistas, avanços, possibilidades e aprendizagens. Por meio de diversos registros, feitos em diferentes momentos tanto pelos professores quanto pelas crianças (como relatórios, portfólios, fotografias, desenhos e textos), é possível evidenciar a progressão ocorrida durante o período observado, sem intenção de seleção, promoção ou classificação de crianças em “aptas” e “não aptas”, “prontas” ou “não prontas”, “maduras” ou “imaturas”. Trata-se de reunir elementos para reorganizar tempos, espaços e situações que garantam os direitos de aprendizagem de todas as crianças."

Ou seja, para realizar propostas pedagógicas de excelência na Educação Infantil, é necessário primeiramente tomar conhecimento sobre as políticas e legislações que abrangem essa etapa da Educação Básica.

Para maiores informações sobre a base e para o download dos direitos e objetivos de aprendizagem da BNCC para Educação Infantil, acesse: http://download.basenacionalcomum.mec.gov.br/.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No chão da escola: por uma infância que voa

Crianças, espaços e relações

Portfólio, por quê, como e para quem?